Deixo aqui um pouco de mim. Deixe-me um pouco de você!







Estavas ali, no vasto vazio da vida que adentrou. Não olhava mais à frente, só queria aquietar-se, suas pegadas perderam-se pela neve que caia e tornava mais frio os caminhos. Não mais queria o passado, seu olhar era distante, tal qual tudo que se foi, tudo que não conseguiu deixar ficar. 

O passo ficou devagar e quando deu por si não mais avistava os motivos pelo qual deveria prosseguir pois deixou tudo passar pensando que sempre estariam lá. Abateu-se! Ele que sempre acreditou que tudo podia, vacilou na audácia de ter o que queria, ficou inerte, na sua infeliz covardia.
 
Não mais teria o futuro porque ele virou presente e passou tão rápido que foi incapaz de perceber que o tempo tão logo passa e se não se caminha lado a lado certamente alguém ficará para trás. Mas o que era o futuro agora? Se não a morte que o espreitava. A morte da alegria da companhia que perdeu-se sem destino? A morte da coragem que não soube ousar? A morte do sentimento que nem conseguiu aproveitar?

 
Habitava a estranha tristeza que pensava não ser vista e se era dos olhares que temia, pelos olhares tornou-se algoz de si, preso no comum delírio dos julgamentos a que deu voz.
E ali permaneceu, tinha raça, mas não soube ser feroz. 


(J.L.)

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