Deixo aqui um pouco de mim. Deixe-me um pouco de você!




















Se não era amor quando o olho brilhou
Quando a mão esfriou
E o coração descontroladamente palpitou

Quando o olhar desviou para não ser percebido
E o riso foi esbanjado de forma contrária
Chamando a atenção quando não se queria (queria sim)

E o tocar da mão foi tão rápido
Para não se perceber o gelo e a tremedeira
E um assunto qualquer puxado, meio sem sentido,
Deixando interrogações, interjeições

Quando ambos seguiam seus caminhos
Com uma imensa dúvida: Se não era amor porque nunca passou?!
E foi assim, viveram sem encarar seus próprios sentimentos.

(J.L.)







Talvez a felicidade seja apenas um sorriso quando você olha tantas marcas que tem e descobre que você conseguiu sobreviver às decepções, às frustrações, aos nãos que recebeu, às lágrimas que derramou, aos sonhos que se abandonou...

Talvez seja apenas um sorriso por perceber que o tanto que se reinventou, quando mudou as rotas porque era isso ou ficaria a deriva, quando abdicou da presença de quem mais ama, quando se sabe que se foi fraco mas se levantou mesmo com o coração estraçalhado. Talvez seja apenas um sorriso por ver em quem se tornou, olhando a própria vida e ainda poetizar, ainda cantar e rezar.

Talvez a felicidade seja apenas um sorriso, fechar os olhos e respirar fundo, ainda não é o fim, ainda tem caminhada, ainda tem percalços, ainda provarei de males...

Talvez e muito talvez, eu não consiga ao final dizer se fui feliz como desejava, mas saberei que tentei, tentei em cada sorriso que consegui dá depois de todos os acasos, tentei em cada fio de esperança que eu pude me agarrar e se sorri em algum momento certamente fui feliz e isso é bom. Há quem não encontre nenhuma graça na vida e quem já deixou de tentar e esperar mais dela, mas eu não.

(J.L)




O som da chuva la fora
Entoando a lembrança
Dos meus olhos que te devotavam
Das tuas mãos que seguravam as minhas
Sentíamos apenas
O amor invadindo nosso ser
Mas não éramos capazes de ceder
Nem soubemos nos acolher
No frio não nos acalentávamos
Estimávamos um dia que nunca chegou
Sofríamos a ausência
E a presença trazia repulsa
Nunca saberemos como seria o nós
Errantes seguimos outro destino
E vez por outra acredito que vagueias também
Nas lembranças ao som da chuva caindo.

(J.L)





"Tenho esse jeito de olhar, de querer me ver na iris, 
de sentir a verdade além das palavras soltas. 
Quando tudo disser o contrário são os olhos 
que não mentem, são eles que dizem: 
Eu te tenho! Eu te rejeito! Eu fujo! 
Eu não sou mais quem você
acredita
que eu seja. 
Veja apenas!"

(J.L)








 


 


 


 


 


 


 


 


 


É de admirar tua beleza
Tão clara, tão nítida
Abastece-te de luz
E reflete o melhor brilho que pode
E tem suas fases, suas vestes
Hora recarregando
Depois minguando
Dai vai crescendo
E fica cheia
De luz, claramente bela
Compartilha aquilo que recebe
Vive seu tempo, seu percurso
Dissipa muitas trevas
Mas também se esconde
Todo mundo tem mistérios
És companhia dos poetas, dos amantes
Inspiração de muitas rimas, cúmplice do amor
Tristes noites seriam as minhas
Se olhasse pro céu e nada pudesse ver
Nem existiriam essas linhas
Que de olhar e admirar consegui escrever.

(J.L.)





Deparo-me constantemente com alguns embates afetivos na vida, é certo que ninguém tem Phd em relacionamento, todos os dias as pessoas com quem convivemos e mantemos contato direto ou indiretamente, devido à chuva de informações via internet, nos moldam, nos influenciam, nos ensinam coisas boas e ruins e vai nos transformando...

Se antes, quando havia mais proximidade, mais diálogos, hoje passamos pelas tempestades de muitos copos d’aguas pela falta de interpretação coerente das leituras das quais nos dedicamos nestas redes sociais e as pessoas vão ficando distantes... de si mesmas e dos outros ...

Sentimentos banalizados, mentalidades extremistas, narcisismo, são fáceis de se encontrar, não sei se antes tudo era reprimido ou se de repente as pessoas resolveram vomitar seus pobres, suas dores, que quase ninguém tá nem aí mesmo para o que você tá fazendo ou dizendo, porque ela tá muito preocupada com ela mesma.

Iniciei esse texto pensando tantas coisas, querendo mesmo falar do sentimento de amizade, bem escarço nesta sociedade de cultuação do “ Eu”, parar, pensar e escrever, até pra eu poder compreender minha parcela, seja de culpa ou de alguma contribuição que eu deva dá.

Experimentei muitas faces das moedas, esperei muito de algumas pessoas, decepcionei-me e chorei muito por querer compreender motivos que talvez nunca serão explicados e tive de redesenhar minhas esperanças quando essa queria se descolorir, porque muitas pinturas que fiz foram erradas, borraram ou estavam além da tela que lhes competia. E fui percebendo que é sempre assim, poucas coisas terão conformidades, principalmente o ser humano, que se transforma diariamente, tudo pode mudar, sentimentos, pessoas, atitudes... nem tudo vai se adequar a nós perfeitamente, teremos muito que aparar na vida e esses processos são dolorosos, mas podemos ajustar muitos deles, começando pela nossa forma de pensar que temos direito  e mais direitos sem que passemos pelos deveres, sempre terá dois lados e nem sempre estaremos do lado certo, essa travessia para outros lados requer desapegos, do ego, de “direitos”, pensamentos, atitudes. Virar significa dar-se a oportunidade de ver o outro, o outro outro e outro lado que não é o seu. Entendeu?

E por isso eu desmitifiquei muitas coisas, como por exemplo, nem sempre quem te abraça quer o teu bem, quem te diz na cara o que ninguém fala quer o seu bem, que amigo entende tua hora e até te dá um puxão de orelha se for necessário, que o Amor prometido é fácil mascarar e Amor nunca explicito é fácil de se sentir, que minha dor muitas vezes é pequena quando paro para escutar outras pessoas e que o mundo não é como eu quero, nem como você quer, mas pode ser melhor quando nos tornamos melhores...

E assim vou... pensando... refletindo... mudando...

(J.L.)