Deixo aqui um pouco de mim. Deixe-me um pouco de você!




 


Eu penso que muitos veem a reciprocidade como se fosse a semelhança, quando a mesma é uma qualidade de opostos que se correspondem. É do diferente e quando semelhantes são bem poucas as características que se convergem, que podemos sentir quando de fato existe a reciprocidade.

É no saber, no conhecer que o outro é diferente e respeitar mesmo assim, que os meus gostos são na maioria divergentes dos demais e isso não me impede de aprender um pouco mais do outro. Entender que cada um tem suas preferências e será muito bom quando alguma convergir com a minha e quando não, continua tudo bem, isso não vai nos impedir de nos relacionarmos.

Se eu gosto de sorvete de chocolate e você de morango, por que isso nos impediria de tomarmos um sorvete? Se eu souber que você gosta de orquídea ao invés de rosa que é um gosto meu, por que eu te daria uma rosa ou por que você me daria uma orquídea? É aqui que tudo toma mais sentido, a reciprocidade é afeto entendido pela compreensão de quem o outro é, sem exigências, mas com mutualidade, quando aprendemos a conhecer o outro de verdade a gente entende que não é igual e é pura ilusão buscar cópias de nós nos outros, então a via de mão dupla começa a funcionar, você vai se doando e também vai recebendo, não é sentido único, não é só "o venha a mim". 

Reciprocidade é próprio de pessoas generosas, o egoísta não tem olhos para de fato enxergar o outro, nem disposição para se doar. 

(J.L.)


Tudo na vida muda, a todo instante, a vida é totalmente mutante, o tempo não espera por ninguém. Aprendi desde muito cedo com os meus próprios quereres. Nunca insisti quando batia a porta e não me deixavam entrar, deve haver porquês, mas também não insisto se não quiserem dividir... eu procuro outros rumos, principalmente se tiver a necessidade. O significado muda e muda muito quando sabemos o que necessitamos e o que precisamos e assim a gente dá um jeito, senão, já sabe.


O tempo é valioso para nossas urgências e o outro nunca vai saber se você não contar, porque ninguém adivinha o querer e a necessidade, algumas pessoas até tem intuições, geralmente são aquelas mais próximas e mais chegadas a nós, mas para a maioria vamos passando despercebidos mesmo e não adianta pensar que éramos chegados quando não nos esforçamos para ser bom para as pessoas, não mesmo.

Eu penso que a dinâmica da vida é sempre essa, observar, muitas vezes tem gente necessitando muito mais que a gente mas não queremos enxergar, estamos com aquele olhar no umbigo e a verdadeira bondade está aí, em olhar, ver e abrir a porta porque os outros também tem suas urgências. O tempo é curto para a gente pensar que terá tempo. Vez por outra a gente perde muito porque nem sempre quando resolvemos dar passagem o outro estará lá. 

(J.L.) 


Quantas vezes me perdi
De mim mesma
Na minha própria busca
Na ânsia de meus anseios

Quantas vezes derramei um pranto
Enxuguei-o com o lençol
Lamentei os erros
Culpei-me por minhas escolhas

Quantas vezes acordei disposta
Acreditando que podia mais
Que a vida estava ali diante dos olhos
Que o Amor não podia ser sepultado

Quantas vezes me refiz
Desatei os nós
E pra vida corrir
Atrás de tudo que sempre quis

Perdi todas as contas mas ainda consigo somar
Trago em mim coragem para mudar
De querer fazer grande todos os momentos
Deixar fluir a imensidão de Amar.
Até o fim do caminhar.

(J.L.)