Deixo aqui um pouco de mim. Deixe-me um pouco de você!









Se não fosse aqueles que acolhem o pior de mim e permanecem ao meu lado mostrando o que tenho de melhor, mesmo diante das minhas insanas incompreensões e de meus limites, eu já nem sei como estaria. 


São poucos, mas são os que enxergaram o que eu mesma não consegui ver, são os que puderam ser meus olhos quando a cegueira me tomou, são os que puderam ser minha reflexão quando não consegui pensar, são os que foram meu riso quando derramei lágrimas, são os que foram presença quando vivi a solidão, são os que foram ouvidos quando pratiquei a surdez, foram os que me apontaram o caminho quando eu quis parar, foram os que me abraçaram quando perdi a vontade, foram os que rezaram quando pedi angustiante, foram os tiveram mais fé para me mostrar luz, foram os que me falaram de Deus...


São poucos e talvez com minha ingratidão eu ainda nem os saiba reconhecê-los e agradecer direito, o que pouco sei é isso, refletir que mesmo pensando tantas vezes estar só ou me perdi de mim mesma, existia alguém para tentar me relembrar de quem eu sou, mesmo com toda minha imperfeição.


Eu oro e agradeço à Deus, por aqueles que eu percebo e por aqueles que ainda não consegui perceber mas que torcem e rezam por mim também e não desistiram de ver algo bom mesmo diante de toda a minha precariedade. E peço perdão meus poucos e nobres amigos, muitas vezes isso me constrange, tento viver esse aprendizado constante do Amor, mas nem sempre acerto, essa cartilha eu bem sei que não tem medida, é na gratuidade que faz, quero um dia poder retribuir cada um que me dedicou o seu amor quando eu menos mereci.



(J.L.)








A aparência costuma mesmo ludibriar, nem tudo que parece é, nem tudo que reluz é Ouro, vale este e muitos outros ditados que tem por aí. Ser autêntico está realmente em saber quem somos e não se importar com o que os outros irão pensar, é apenas ser, na dor, na alegria...


O passado é uma amarra, aprisiona a mente, é invisível e tecida minuciosamente no âmago, destrói o presente, impede o futuro, toda e qualquer chance se esvai quando se está nesta prisão. É nunca querer enxergar o novo, é remoer a dor, porque dificilmente recordamos o melhor lado, é viver na extremidade mental de nem sequer conseguir avançar para si mesmo.


A mentira, está é cruel, por mais que pensemos que seja boba. Toda palavra lançada tem um efeito e a verdade é muito Clara, acredite, nada muda a realidade por mais que queiramos nos enganar ou enganar os outros. Benefícios podem vir momentaneamente mas quando a verdade se revela é bom que se esteja preparado, na verdade os mentirosos sempre pensam que seus argumentos são extraordinários, não é difícil de perceber o olhar furtivo e as palavras vãs. A verdade é mais forte! A realidade mostra-se.


Conhecer a si mesmo, livrarmos dos pesos que trazemos, das nossas próprias hipocrisias é o melhor caminho, atrasamos tantas alegrias, postergamos momentos, sofremos dores que nem sabemos definir e vamos nos enganando e passando imagens aparentes. Dificilmente somos o que dizemos ser. Se não refletimos sobre quem somos, se não buscamos nosso autoconhecimento, se não buscamos mudar, seremos sempre caricaturas. Que o nosso " Eu sou" seja real, a gente pode ir para qualquer lugar pensando que ali nos fará melhor, mas se o que temos dentro de nós não consegue acolher o presente, se nossas amarras não nos permitem viver ou se nossa palavra não confere, tudo e todos não nos tocará.


A dinâmica de Ser, acredito que está no aprendizado e na decisão de todos os dias tentar viver com o melhor caráter, com o melhor presente e com a melhor verdade!

 

(J.L.)


Precisava fazer parte da chuva
Deixar ali as lágrimas serem levadas
Sentir toda a frieza
Deixar a alma ser lavada

Pertencer a esta noite
Como se não houvesse mais nada
Só a dor escorrendo
Como cada gota derramada

Foi feita para mim esta tempestade
Essa estranheza dentro de mim
Ouvir os sons caindo
Sentindo cada pingo

É de sentir intensamente que dói
É de querer arrancar do coração
Que dentro estronda como trovão
Por fim resta eu, a chuva e a solidão...

(J.L.)

 


(Lc 17,11-19)
Já ouvi várias homilias sobre este evangelho e todas me tocaram de forma única. Quantos vão à procura de Jesus procurando curas mas não estão de fato atentos às suas palavras e às graças que Ele concede, nem tão pouco querem se livrar de suas lepras.
Dez leprosos o procuraram, marcados pela insensibilidade da doença, quantos o procuram mas continuam com a insensibilidade do coração?
Dez leprosos foram curados mas apenas um retornou para se prostrar e dar glórias, apenas um permitiu- se mais, apenas um foi grato, apenas um reconheceu de fato o milagre.
Quantos estão caminhando sem ver as bênçãos que Deus concede? Quantos estão voltados para si que apenas veem a generosidade dos outros e pensam que são merecedores e vivem em seus egoísmos? Quantos perdidos de si mesmo são incapazes de ver e sentir ?
Feliz daquele que vendo-se liberto da insensibilidade enche-se de gratidão, acolhe o milagre, este é reconhecido como homem de fé, porque não basta saber de Cristo, não basta dizer que ouviu uma pregação, não basta dizer que o encontrou, há de se acreditar, há de se prostrar e só assim, não só as mazelas do corpo, como também as da alma ão de se disparem e gerar um coração leve, um coração agradecido, um coração aberto... Se te peço algo Senhor, é que não me tornes insensível, que as lepras da vida não dominem meu corpo, nem meu coração, nem minha alma. Se disseres uma palavra eu serei curada, não sou merecedora eu bem sei, mas que Tu ainda encontres em mim alguma fé, mesmo que pequenina. Que meus olhos estejam atentos aos teus cuidados para que eu não rejeite as bênçãos e não viva a lamentar porquês se eu mesma não sou capaz de reconhecer o bem que me acontece.

(J.L.)



Arranquei as traves que coloquei
Despi-me das vestes que julguei boas
Desci do salto que pensei ser ideal

Desnuda de meu próprio erro
Saí mais outra do que qualquer coisa
Que aparentou-me  como bondade

Saí sendo, talvez, o que sempre devia ser
E deveras ou não, arrependida
Longe daquilo que me enganei

Não quero mais me encontrar como antes
Não quero mais ser como fui
Despeço-me de meus esforços

E o fel bebido das coisas que sabia antes da escolha
Amargue sempre para que eu não esqueça
Que nem tudo que se apresenta merece experimento

Há muita diferença entre o dizer e o ser
Por um momento eu quis está errada
E errei por pensar assim

Em quem vou me transformar eu não sei
Estou me despedindo mais uma vez
Quero apenas sobreviver.

(J.L.)




Eu sinto saudades de ti
Saudades do teu abraço que me aconchegava
Da tua compreensão que não interpelava meu silencio
Do teu amor tão meu, tão puro
Que bastava estarmos ali, no abraço

Tínhamos a inocência dos amantes
Que se queriam e se buscavam
Os esforços naturais eram nosso sim
Nos buscávamos  nas mãos que queriam sentir-se
No olhar que via além de nós mesmos

Eu sinto saudades de ti
E esse mundo é tão avesso a mim
Procuro por quem me encontre
Como me encontravas ao fitar-me
A observar-me cantar acompanhando-me desafinado

Sou agora desassossego que não encontra abrigo
Por mais que não tenhamos feito promessas
Tua partida deixou um vão
Sem teu amor que me aceitava como sou, virei solidão
Não há quem preencha teu lugar em meu coração.

(J.L.)