Ela tentou ser tudo, mas não foi o suficiente, então ela
lembrou, porque já havia esquecido, ninguém muda por alguém e isto era um fato
comprovado. As culpas que trazia dentro de si eram enormes. Como desculpar a si
mesma? Como consolar a razão porque o coração avisou, sim, foi o inverso, a
razão cedeu e ela mesma sofreu as consequências. Deixar que alguém entrasse quando
já sabia que não seria uma boa escolha. O mínimo de dúvida trouxe aquilo que
ela mais temia, que era se dedicar, porque assim era ela, por quem jamais
entenderia seu coração calejado, a dúvida de pensar que poderia dar certo, que
estaria sendo injusta consigo mesma, que existia alguém ali “disposto”, quando
na verdade era a única com disponibilidade de viver, de ousar, de ser feliz e
se entregar. E se entregou!
Como se perdoar por dar o melhor de si e manchar a pureza do seu coração que de
um único ato nunca mais volta a ser o que era. Seus dias e noites que se
tornaram tormentos, culpando-se por tal escolha, nos tantos silêncios, quando
tudo nela gritava, incapaz de entender porque se deixou levar.
Doía o coração e sua mente que a atormentou sem piedade, mudou, entristeceu-se,
desejou não ser quem era, olhou-se no espelho, xingou-se, brigou consigo e até
dormiu ao chão molhando-o com tantas lágrimas. Dói as perdas de quem você era,
porque se existia uma culpa, estava nela, desde sempre, que acreditou quando ouviu
que só se sabe tentando e nem sempre se tem que tentar, nem sempre deve-se dá
uma chance, nem sempre você deve abrir a porta da sua casa...
E agora? Fecha tudo?! Não! Ela nunca gostou da escuridão, embora ela tenha
aprendido a conviver com as suas. Está andando... seguindo...sem olhar para trás,
o que ela perdeu não tem chance de voltar, mas mantém seu coração fiel a ela
mesma, aos seus princípios, buscando a sua paz...
(J.L.)